Usina de Letras
Usina de Letras
21 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62288 )

Cartas ( 21334)

Contos (13268)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10389)

Erótico (13574)

Frases (50677)

Humor (20040)

Infantil (5459)

Infanto Juvenil (4781)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140819)

Redação (3310)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6211)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Inconfidências do batom ao colarinho imaculado -- 06/01/2000 - 00:56 (Maria Abília de Andrade Pacheco) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Diz-que anda de inventar vícios à fuga da fina agulha no coração exangue. Diz-que cantarola madrugadas à cica de café forte até a aurora. Diz-que marola seu dia no arrulho dos ímpetos, pedra a pedra, calçada nua, fama espalmada no sulco que a chuva cava. Diz-que erra becos sem marca registrada nem códigos de barras ou logotipo. Diz-que chuta tampinha amassada de refrigerante à luz morna do bar de sinuca. Diz-que repara a poeira de emoção nos olhos do homem de quatro rodas. Diz-que cisma ensimesmado. Diz-que adita formas de assobiar seus hinos e cometer sons livres. Diz-que esconde os dedos no bolso e arranha sem unhas a coxa sob o tecido fino, querendo-sendo este seu carinho. Diz-que isso será espasmo de saudade. Diz-que o coração inventou-lhe de pulsar no cotovelo. Diz-que anda caipora de pés calçados, óculos escuros no inverno. Diz-que compara vidas na rua com a vida sua, e nesse encontro remoça. Diz-que açula a lágrima estéril com o hino nacional. Diz-que a sua maior beleza, conhecem-na seus espelhos. Diz-que seu adágio reza "o amor viceja no brega". Diz-que, da última vez que se avistaram seus olhos, tinham eles uma nota de personagem machadiano. Diz-que se insufla de coragem no filosofar parlendas. Diz-que seu círculo é trançado a nó cego. Diz-que rói raízes insípidas para aplacar suas ânsias. Diz-que pefere hipotéticas verdades ao engano de uma comédia concreta. Diz-que se acerca de acessórios para conquistar mais opcionais. Diz-que esses anos todos lhe renderam boa prata na cabelereira, humildade lampeira, tolice despretensiosa. Diz-que sua barriga obscena é agora pseudônimo de sua derrocada amorosa. Diz-que, ao telhado desabado, entorna remédios sem bula, ciente da ressaca de efeitos colaterais. Diz-que, a começar tudo pelo fim, acaba finalizando seus casos com reticências. Diz-que chora caretas ao espelho do banheiro mais íntimo. Diz-que se atrapalha com a hora certa de chorar mágoas, de gesticular angústias. Diz-que nunca pergunta de onde veio a fruta, mas sabe arranhar um "lavô-tá-novo". Diz-que brilham cubos de lua no suor de seu uísque. Diz-que planeja um dilúvio de sonhos, mas coragem? Diz-que apelida seus prazeres mais caros de "cinema vazio em dia útil". Diz-que levou um choque na língua e passou a falar estrangeiro. Diz-que o que mais quer hoje, sem brincadeira, é sumir, serenar longe. Diz-que vem abandonando antigos sestros, virando páginas. Diz-que sua angústia assina este seu cansaço. Diz-que culpados são os comentários.



abilia@uol.com.br
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui